19 DE NOVEMBRO DE 2015 - Ponto Final
“A dança não me interessa de todo”
A coreógrafa dinamarquesa Kitt Johnson surpreendeu o público e habitantes do Iao Hon com uma intervenção artística que alerta para a pressão ambiental que se sente no território. O festival OFF/SITE 2015, organizado pela Associação de Artes Workshop Experimental Soda-City, prossegue este fim-de-semana com as actuações de quatro bailarinos locais.
Cláudia Aranda
Kitt Johnson regressou este ano a Macau para actuar no festival OFF/SITE 2015 e levar à comunidade do Iao Hon uma intervenção artística que envolveu um passeio urbano pelas ruas menos turísticas, mas densamente povoadas do bairro na zona norte. Entre a surpresa e a gargalhada, tanto o público como alguns atónitos habitantes da comunidade participaram com entusiasmo na acção, que envolveu uma recolha de lixo e momentos de reflexão – trabalho físico e intelectual associados, um conceito sempre presente no trabalho da coreógrafa. Depois de realizada uma rota pelo bairro, os elementos do público, estendidos no chão numa esquina do Iao Hon, foram convidados a abstraírem-se do som das motorizadas e dos autocarros através da voz gravada de Kitt Johnson invocando uma época quase imaginária em que o território era habitado apenas pela natureza.
Sábado foi também dia de actuação de Candy Kuok, directora artística da Associação de Artes Workshop Experimental Soda-City, que organiza o festival “OFF/SITE: Off the stage – on the Site” desde 2013. Kuok optou por uma actuação nos espaços e varandas interiores de um prédio do Ian Hon, que exigiu da bailarina um trabalho prévio de preparação com os moradores.
Kitt Johnson visita o território desde há alguns anos, tendo desenvolvido um projecto entre 2011 e 2013, a convite do Centro Cultural de Macau, que incluiu residências artísticas em Copenhaga para bailarinos locais e conduziu posteriormente ao estabelecimento do festival OFF/SITE. Kitt Johnson é a mentora do projecto “Mellemrum”, nome da bienal “site-specific” de Copenhaga, organizada desde 2008. A artista fundou a companhia X-act em 1992 e, desde então, criou mais de 30 bailados a solo. Johnson já foi distinguida com diferentes galardões. Na Dinamarca recebeu por várias ocasiões o prémio Reumert, que premeia artistas em diversas áreas, sendo que em 2015 recebeu a distinção de “Dancer of the Year”, pelo solo “Post No Bills”.
Cláudia Aranda
Kitt Johnson regressou este ano a Macau para actuar no festival OFF/SITE 2015 e levar à comunidade do Iao Hon uma intervenção artística que envolveu um passeio urbano pelas ruas menos turísticas, mas densamente povoadas do bairro na zona norte. Entre a surpresa e a gargalhada, tanto o público como alguns atónitos habitantes da comunidade participaram com entusiasmo na acção, que envolveu uma recolha de lixo e momentos de reflexão – trabalho físico e intelectual associados, um conceito sempre presente no trabalho da coreógrafa. Depois de realizada uma rota pelo bairro, os elementos do público, estendidos no chão numa esquina do Iao Hon, foram convidados a abstraírem-se do som das motorizadas e dos autocarros através da voz gravada de Kitt Johnson invocando uma época quase imaginária em que o território era habitado apenas pela natureza.
Sábado foi também dia de actuação de Candy Kuok, directora artística da Associação de Artes Workshop Experimental Soda-City, que organiza o festival “OFF/SITE: Off the stage – on the Site” desde 2013. Kuok optou por uma actuação nos espaços e varandas interiores de um prédio do Ian Hon, que exigiu da bailarina um trabalho prévio de preparação com os moradores.
Kitt Johnson visita o território desde há alguns anos, tendo desenvolvido um projecto entre 2011 e 2013, a convite do Centro Cultural de Macau, que incluiu residências artísticas em Copenhaga para bailarinos locais e conduziu posteriormente ao estabelecimento do festival OFF/SITE. Kitt Johnson é a mentora do projecto “Mellemrum”, nome da bienal “site-specific” de Copenhaga, organizada desde 2008. A artista fundou a companhia X-act em 1992 e, desde então, criou mais de 30 bailados a solo. Johnson já foi distinguida com diferentes galardões. Na Dinamarca recebeu por várias ocasiões o prémio Reumert, que premeia artistas em diversas áreas, sendo que em 2015 recebeu a distinção de “Dancer of the Year”, pelo solo “Post No Bills”.
O festival OFF/SITE 2015 prossegue este fim-de-semana com as actuações de Anna Cheong, Cita Kuong, Oscar Cheong e Lam Ka Pik.
Foto de MIKE AO IEONG
PONTO FINAL – Em que é que consiste o conceito “Mellemrum”?
Johnson – “Mellemrum” significa o espaço entre espaços. É uma palavra muito exacta que define a possibilidade e as falhas entre espaços, que são as coisas pelas quais passamos e não notamos. Vemos os espaços grandes e bem definidos, mas há também espaços no meio, que não vemos. “Mellemrum” é também a possibilidade de mudança, de ver o desconhecido e o não-realizado. O projecto também esteve na Hungria e eles têm uma palavra específica. Em Macau, não conseguimos encontrar uma palavra rigorosa e Candy [Kuok] escolheu as palavras “Off Site”, que penso que são perfeitas e encaixam de certa forma no conceito do que se faz em Macau, porque está fora do local convencional de espectáculo.
– Quais foram as motivações para criar o Mellemrum?
K.J. – Trabalho em “site-specific” desde os anos 1980. Para mim, já não traz nada de novo. Para mim “site-specific” apenas significa ter em consideração o espaço quando compomos uma criação. Uma produção para uma sala de espectáculo também é potencialmente “site-specific”, se usarmos o espaço de uma forma que desempenhe um papel activo na nossa peça. Mas, se usarmos o termo “site-specific” no sentido em que é fora dos lugares convencionais de arte, fiz isto desde os anos 1980. Num dado momento, senti que deveria criar uma plataforma para o intercâmbio artístico e cultural e desenvolver este tipo de trabalho com as comunidades, entrar em bairros que eram negligenciados, com má reputação, uma população com muitas dependências: como é que podíamos ajudar a mudar isso? Criar novas histórias em lugares que só conheciam narrativas negativas. Aqui em Macau não colaboramos tanto com os locais. Mas, na versão dinamarquesa, geralmente envolvemos os habitantes nas produções, eles entram como artistas, como guias, contam histórias, eles são envolvidos no processo artístico.
– É difícil envolver a comunidade em Macau?
K.J. – Estou cá por um período muito curto. Confiaria mais esse papel a Candy, de incluir sempre este trabalho. Penso que para o futuro é possível [envolver a comunidade], mas a realidade aqui também é diferente, porque uma boa parte dos bailarinos profissionais têm empregos à parte, uns têm empregos a tempo inteiro, outros a tempo parcial. Isso significa que os recursos, em termos de tempo, não são tão fortes como na Dinamarca. Porque quando começamos a envolver-nos com as comunidades, essa tarefa consome tempo, energia. É um trabalho completamente diferente do trabalho com profissionais. Não queremos forçar ninguém a participar. E isso exige muito tempo, descobrir o tipo de trabalho que se ajusta, que seja interessante, que possa envolver as pessoas, o que faz sentido para aquele bairro, o que é realista, em termos artísticos. Tudo isso consome tempo. É preciso ganhar a confiança do bairro, manter encontros com a comunidade, fazer trabalho comunitário, isso exige muito esforço. Sei que a Candy está interessada nesse tipo de trabalho, mas ainda não teve recursos suficientes para desenvolver uma ligação com a comunidade.
– Um dos objectivos deste trabalho é interagir com a comunidade. Na sua coreografia no Iao Hon, convidava as pessoas a apanhar o lixo do chão. O objectivo é transmitir uma mensagem sobre o ambiente?
K.J. – Quando chego a um bairro tento perceber o que poderá ser necessário ali e depois deixo que isso defina o que vamos fazer. Penso que não é só aqui, é um problema global, mas em Macau [o ambiente] é uma questão muito urgente, porque é um lugar muito pequeno, onde a densidade populacional é muito elevada, a terra, a natureza, estão sob uma pressão enorme e o ar está totalmente poluído, não se pode beber a água, o mar está contaminado. Então senti que deveria introduzir esse tema. Pensei começar de uma forma muito prática e pragmática, fácil e acessível, que é: “Vamos recolher o lixo” para alertar [as pessoas]. Depois, decidi fazer uma pequena viagem na natureza, estabelecer uma ligação do corpo à natureza e ao ambiente. Mas, cada iniciativa será sempre muito diferente, conforme as necessidades. O projecto que fiz na Hungria, por exemplo, aconteceu por altura da grande crise dos refugiados na Europa [em Setembro]. Alguns dos artistas optaram por fazer um trabalho muito político. É importante avaliar o que é realmente relevante naquele momento.
– Onde é que a dança encaixa neste tipo de intervenção?
K.J. – A dança não me interessa de todo, nunca me interessou. Estou interessada no corpo, na forma como o corpo e a mente comunicam, na relação entre a mente, o corpo e o ambiente. A dança é um instrumento, como qualquer outro, qualquer forma de expressão artística pode ser usada neste tipo de intervenção. Mas, como sou uma pessoa física, estou interessada no corpo. A dança para mim tem sido a via, mas a dança em si mesma não me interessa.
– Mas começou por ser bailarina.
K.J. – Não. Comecei por ser corredora dos 800 metros. Fui corredora durante dez anos e só depois comecei a dançar. Cheguei à dança já com 20 e poucos anos, o que é muito tarde para uma bailarina. Eu sabia que tinha que ir através desta via para mudar os padrões do meu corpo, através da dança. O corpo dos atletas é muito diferente, precisava de mudar o corpo para ser capaz de fazer mais coisas, não bastava a resistência. Ser capaz de usar o corpo para expressar movimento, para reunir informação, quer em termos físicos, como a nível intelectual e artístico. A dança era necessária para mim. Mas nunca procurei reproduzir uma certa técnica de dança em palco. O que é difícil, porque o corpo é conservador, tende a aprender modelos e a mover-se dentro deles. Mas, tento encontrar uma expressão corporal que não revele nenhuma forma específica de dança ou de outra técnica, opto por movimentos não codificados. Na Dinamarca trabalho com pessoas com experiências muito diferentes. Uma é actriz, outra é bailarina, outra trabalha com a voz, outros são músicos, mas eles usam o corpo. Tento encorajá-los a não reproduzirem uma técnica, porque uma técnica é apenas um instrumento.
Foto de MIKE AO IEONG
– O que é que encontrou da primeira vez que chegou a Macau?
K.J. – A primeira vez fiquei chocada ao ver uma indústria do jogo tão dominante. Mas após algum tempo apercebi-me que Macau é muito mais diverso, tem muito mais facetas do que a do jogo, o que é muito bom. O primeiro projecto foi no Centro Cultural de Macau. Não houve envolvimento com um bairro, desenvolveu-se num ambiente protegido porque permanecemos dentro dos domínios do centro cultural. Mas penso que foi o início perfeito porque foi muito mais do que estar num laboratório fechado. Foi quando conheci e comecei a trabalhar com a Candy, com o Oscar [Cheong], que actua no próximo fim-de-semana, com a Jenny [Mok] que actuou no fim-de-semana passado e muitos outros.
– Quem é que decidiu ir para o Iao Hon?
K.J. – A Candy. Ela é que concebeu este festival OFF/SITE. Ela teve outro projecto numa comunidade – isto não é novo para ela. O que é novo é a ideia de fazer percursos e de interligar performances, isso é novo no trabalho dela, e foi introduzido no festival há dois anos. Há um ano vim fazer um laboratório, a Candy escolheu o bairro, e em conjunto tentámos mapear, decidir quais as fronteiras, quais os territórios no bairro nos quais nos interessava trabalhar. Fizemos um workshop, escolhemos três participantes para continuar este ano e desenvolver o seu trabalho, que vão actuar este fim-de-semana.
– O que é necessário para os bailarinos locais atingirem qualidade?
K.J. – É preciso um investimento imenso, um empenho total, 24 horas. É preciso estar sempre presente, alerta, consciente do nosso corpo, preparados para sermos inspirados. Exige questionarmo-nos constantemente, contestar ideias artísticas, fazer pesquisa. Há um ponto da nossa carreira que temos de fazer pesquisa horizontal para obter informação. Noutro ponto da carreira devemos fazer uma pesquisa vertical, no sentido de ir fundo, aprofundar e explorar mais. É necessário pesquisar, questionar e trabalhar o corpo, sempre. A pesquisa pode passar, por exemplo, por andar nas ruas, falar com as pessoas, desenvolver a capacidade de comunicar e de obter informação, encontrar histórias, descobrir as vidas das pessoas, os tópicos de discussão, de conflitos, as agendas de um certo lugar. A outra parte da pesquisa passa por estudar a história do lugar, ir aos arquivos locais, falar com pessoas importantes do bairro, que o conhecem. Em termos gerais, é importante fazer aulas, workshops, não de forma passiva, mas como um estudante que pensa e reflecte, que assume a responsabilidade de ser pró-activo na aula. Pensar, questionar, estar sempre pronto para aprender mais. Tal como crescemos enquanto seres humanos, também temos de crescer como artistas, mas é preciso empenho.
https://pontofinalmacau.wordpress.com/2015/11/19/a-danca-nao-me-interessa-de-todo/
English Translated version
“I’m not interested in dance at all”
By Cláudia Aranda
Ponto Final
The Danish choreographer Kitt Johnson surprised the public and inhabitants of Iao Hon neighborhood with an artistic intervention that has drawn attention to the environmental pressure in the territory. The festival OFF / SITE 2015, organized by the Association of Arts Experimental Workshop Soda-City, was set up in two weekends with performances by four local dancers.
Kitt Johnson returned this year to Macau to act in OFF / SITE festival in 2015 and lead to the Iao Hon community an artistic intervention which involved an urban stroll through the less touristy streets, but densely populated neighborhood in the north. Among the surprise and laughter, both the public and some stunned community members participated enthusiastically in action, which involved a garbage collection and moments of reflection – physical and intellectual work associates, a concept always present in the work of the choreographer. After finishing a route through the neighborhood, the members of the public, lying on the floor in a corner of the Iao Hon, were invited to distract themselves from the sound of motorbikes and buses through the recorded voice of Kitt Johnson, invoking an almost imaginary time when the territory was inhabited only by nature.
Saturday was also the day of action of Candy Kuok, artistic director of the Experimental Workshop Arts Association Soda-City, which organizes the festival "OFF / SITE: Off the stage - on the Site" since 2013. Kuok opted for a gig in an interior balcony of a building of the Ian Hon, which demanded the dancer previous preparation work with the locals.
Kitt Johnson visited the area for several years and has developed a project between 2011 and 2013 at the invitation of the Macao Cultural Centre, which included artist residencies in Copenhagen for local dancers and subsequently led to the establishment of OFF / SITE festival. Kitt Johnson is the mentor of the project "MellemRum" "site-specific" Copenhagen, organized since 2008. The artist founded the X-act company in 1992 and has since created more than 30 ballets solo. Johnson has been honored with different awards. Denmark received on several occasions the Reumert prize, which rewards artists in various fields, and in 2015 received the distinction of "Dancer of the Year" at ground "Post No Bills".
The festival OFF / SITE 2015 continues this weekend week with performances by Anna Cheong, Cita Kuong, Oscar Cheong and Lam Ka Pik.
Ponto Final. What is the concept of "Mellem Rum"?
Kitt Johnson - "MellemRum" means the space between spaces. It is a very precise word that defines the possibility and the gaps between spaces, which are things we passed and we did not notice. We see the large and well-defined spaces, but there are also spaces in the middle, that we do not see. "MellemRum" is also the possibility of change, to see the unknown and unrealized. The project was also in Hungary and they have a specific word. In Macau, we could not find a strict word and Candy [Kuok] chose the words "Off Site", which I think are perfect and fit in some ways the concept of what is done in Macau because it is outside of a conventional show location.
What were the motivations to create the MellemRum?
KJ - I Work in "site-specific" since the 1980s. It no longer brings me anything new. For me "site-specific" only means taking into account the space when we compose a creation. A production for a show room is also potentially "site-specific" if we use the space in a way that plays an active role on our performance. But if we use the term "site-specific" in the sense that it is outside the conventional art places, I’m doing it since the 1980s. At some point, I felt I should create a platform for artistic and cultural exchange and develop this type of work with communities, going into neighborhoods that were neglected, with poors, people with many dependencies: how we could we help to change that? Creating new stories in places they knew only negative narratives. Here in Macau we do not collaborate much with the locals. But the Danish version, usually involve the inhabitants in the productions, they enter as artists, as guides telling stories, they are involved in the artistic process.
It is difficult to involve the community in Macau?
K. J. – I am here for a very short period. I would trust this role to Candy. I think for the future it is possible [to involve the community], but the reality here is also different because a large part of professional dancers have jobs aside, some have full-time jobs, others part time. This means that the resources in terms of time, are not as strong as in Denmark. Because when we begin to engage with communities, this task is time-consuming, energy. It's a completely different job from working with professionals. We do not want to force anyone to participate. And it takes a long time. To find out the type of work that fits, that is interesting, you can engage people, which makes sense for that neighborhood, which is realistic, in artistic terms. All this is time-consuming. You have to earn the trust of the neighborhood, meet with the community, doing community work, this requires much effort. I know that Candy is interested in this kind of work, but didn’t have sufficient resources to develop a bond with the community.
- One of the aims of this work is to interact with the community. In your choreography in Iao Hon, you invited people to get the trash off the ground. The aim is to convey a message about the environment?
KJ - When I come to a neighborhood, I try to see what you might need there and then I let it define what we will do. I think it is not only here, it's a global problem, but in Macau [the environment] is a very urgent issue, because it is a very small place, where the population density is very high, earth, nature, are under huge pressure and the air is quite polluted, you cannot drink the water, the sea is contaminated. So I felt I should introduce this theme. I thought starting from a very practical and pragmatic, easy and affordable, which is: "We will collect the trash" to alert [people]. Then I decided to take a little trip in nature, establishing a body connection to nature and the environment. But each initiative will always be very different, as needed. The project I did in Hungary, for example, happened at the time of the great crisis of refugees in Europe [in September]. Some of the artists have chosen to make a lot of political work. It is important to assess what is really relevant at the time.
How dance fits this kind of intervention?
KJ - The dance does not interest me at all, never interested me. I'm interested in body, in how the body and mind communicate, in the relationship between mind, body and environment. Dance is a tool like any other, any form of artistic expression can be used in this type of intervention. But as I am an individual, I am interested in the body. Dance for me has been the way, but the dance itself does not interest me.
- But you were originally a dancer…
KJ - No. I started by being a runner of 800 meters. I was a runner for ten years and then started to dance. I got to dance with already 20 years old, which is too late for a dancer. I knew I had to go through this pathway to change my body patterns through dance. The body of the athletes is very different, needed to change the body to be able to do more things, resistance was not enough. To be able to use the body to express movement, to gather information, either in physical terms, as well as in an intellectual and artistic level. The dance was necessary for me. But I never wanted to play a certain technique of dance on stage, which is difficult, because the body is conservative, tend to learn models and move within them. But I try to find a body language that does not reveal any particular dance form or another technique; I chose not to have codified movements. In Denmark I work with people with very different experiences. One is an actress, another is a dancer, another works with voice, others are musicians, but they use the body. I try to encourage them not to reproduce a technique because a technique is only an instrument.
By Cláudia Aranda
Ponto Final
The Danish choreographer Kitt Johnson surprised the public and inhabitants of Iao Hon neighborhood with an artistic intervention that has drawn attention to the environmental pressure in the territory. The festival OFF / SITE 2015, organized by the Association of Arts Experimental Workshop Soda-City, was set up in two weekends with performances by four local dancers.
Kitt Johnson returned this year to Macau to act in OFF / SITE festival in 2015 and lead to the Iao Hon community an artistic intervention which involved an urban stroll through the less touristy streets, but densely populated neighborhood in the north. Among the surprise and laughter, both the public and some stunned community members participated enthusiastically in action, which involved a garbage collection and moments of reflection – physical and intellectual work associates, a concept always present in the work of the choreographer. After finishing a route through the neighborhood, the members of the public, lying on the floor in a corner of the Iao Hon, were invited to distract themselves from the sound of motorbikes and buses through the recorded voice of Kitt Johnson, invoking an almost imaginary time when the territory was inhabited only by nature.
Saturday was also the day of action of Candy Kuok, artistic director of the Experimental Workshop Arts Association Soda-City, which organizes the festival "OFF / SITE: Off the stage - on the Site" since 2013. Kuok opted for a gig in an interior balcony of a building of the Ian Hon, which demanded the dancer previous preparation work with the locals.
Kitt Johnson visited the area for several years and has developed a project between 2011 and 2013 at the invitation of the Macao Cultural Centre, which included artist residencies in Copenhagen for local dancers and subsequently led to the establishment of OFF / SITE festival. Kitt Johnson is the mentor of the project "MellemRum" "site-specific" Copenhagen, organized since 2008. The artist founded the X-act company in 1992 and has since created more than 30 ballets solo. Johnson has been honored with different awards. Denmark received on several occasions the Reumert prize, which rewards artists in various fields, and in 2015 received the distinction of "Dancer of the Year" at ground "Post No Bills".
The festival OFF / SITE 2015 continues this weekend week with performances by Anna Cheong, Cita Kuong, Oscar Cheong and Lam Ka Pik.
Ponto Final. What is the concept of "Mellem Rum"?
Kitt Johnson - "MellemRum" means the space between spaces. It is a very precise word that defines the possibility and the gaps between spaces, which are things we passed and we did not notice. We see the large and well-defined spaces, but there are also spaces in the middle, that we do not see. "MellemRum" is also the possibility of change, to see the unknown and unrealized. The project was also in Hungary and they have a specific word. In Macau, we could not find a strict word and Candy [Kuok] chose the words "Off Site", which I think are perfect and fit in some ways the concept of what is done in Macau because it is outside of a conventional show location.
What were the motivations to create the MellemRum?
KJ - I Work in "site-specific" since the 1980s. It no longer brings me anything new. For me "site-specific" only means taking into account the space when we compose a creation. A production for a show room is also potentially "site-specific" if we use the space in a way that plays an active role on our performance. But if we use the term "site-specific" in the sense that it is outside the conventional art places, I’m doing it since the 1980s. At some point, I felt I should create a platform for artistic and cultural exchange and develop this type of work with communities, going into neighborhoods that were neglected, with poors, people with many dependencies: how we could we help to change that? Creating new stories in places they knew only negative narratives. Here in Macau we do not collaborate much with the locals. But the Danish version, usually involve the inhabitants in the productions, they enter as artists, as guides telling stories, they are involved in the artistic process.
It is difficult to involve the community in Macau?
K. J. – I am here for a very short period. I would trust this role to Candy. I think for the future it is possible [to involve the community], but the reality here is also different because a large part of professional dancers have jobs aside, some have full-time jobs, others part time. This means that the resources in terms of time, are not as strong as in Denmark. Because when we begin to engage with communities, this task is time-consuming, energy. It's a completely different job from working with professionals. We do not want to force anyone to participate. And it takes a long time. To find out the type of work that fits, that is interesting, you can engage people, which makes sense for that neighborhood, which is realistic, in artistic terms. All this is time-consuming. You have to earn the trust of the neighborhood, meet with the community, doing community work, this requires much effort. I know that Candy is interested in this kind of work, but didn’t have sufficient resources to develop a bond with the community.
- One of the aims of this work is to interact with the community. In your choreography in Iao Hon, you invited people to get the trash off the ground. The aim is to convey a message about the environment?
KJ - When I come to a neighborhood, I try to see what you might need there and then I let it define what we will do. I think it is not only here, it's a global problem, but in Macau [the environment] is a very urgent issue, because it is a very small place, where the population density is very high, earth, nature, are under huge pressure and the air is quite polluted, you cannot drink the water, the sea is contaminated. So I felt I should introduce this theme. I thought starting from a very practical and pragmatic, easy and affordable, which is: "We will collect the trash" to alert [people]. Then I decided to take a little trip in nature, establishing a body connection to nature and the environment. But each initiative will always be very different, as needed. The project I did in Hungary, for example, happened at the time of the great crisis of refugees in Europe [in September]. Some of the artists have chosen to make a lot of political work. It is important to assess what is really relevant at the time.
How dance fits this kind of intervention?
KJ - The dance does not interest me at all, never interested me. I'm interested in body, in how the body and mind communicate, in the relationship between mind, body and environment. Dance is a tool like any other, any form of artistic expression can be used in this type of intervention. But as I am an individual, I am interested in the body. Dance for me has been the way, but the dance itself does not interest me.
- But you were originally a dancer…
KJ - No. I started by being a runner of 800 meters. I was a runner for ten years and then started to dance. I got to dance with already 20 years old, which is too late for a dancer. I knew I had to go through this pathway to change my body patterns through dance. The body of the athletes is very different, needed to change the body to be able to do more things, resistance was not enough. To be able to use the body to express movement, to gather information, either in physical terms, as well as in an intellectual and artistic level. The dance was necessary for me. But I never wanted to play a certain technique of dance on stage, which is difficult, because the body is conservative, tend to learn models and move within them. But I try to find a body language that does not reveal any particular dance form or another technique; I chose not to have codified movements. In Denmark I work with people with very different experiences. One is an actress, another is a dancer, another works with voice, others are musicians, but they use the body. I try to encourage them not to reproduce a technique because a technique is only an instrument.
刊登於力報 Released on 2015.11.12
http://www.exmoo.com/index.php?m=content&c=index&a=show&catid=26&id=78924
http://www.exmoo.com/index.php?m=content&c=index&a=show&catid=26&id=78924
「OFF|SITE 2015」 的藝術在地實踐: 從關前街到祐漢
戲游花間 something criticism / 藝文爛鬼樓
文:黑黑/受訪者: 郭瑞萍、林嘉碧、莫倩婷、張楚誠、鄺天樂
時間:2015年11月10日 10:10
戲游花間 something criticism / 藝文爛鬼樓
文:黑黑/受訪者: 郭瑞萍、林嘉碧、莫倩婷、張楚誠、鄺天樂
時間:2015年11月10日 10:10
2013年梳打埠實驗工場開始了「OFF | SITE」的創作演出計劃,在澳門街頭巷尾選定的場域中進行在地的創作發掘及表演。首個演出是2013年在永福圍、關前街至工匠巷一帶進行,創作人們細密而用心的安排了多個不同的小作品,讓觀眾沿著特定的神秘路線去感受社區中不同的面貌。去年「OFF | SITE」計劃進行了環境創作工作坊,讓創作人們醞釀新的作品,今年則延續去年工作坊的成果,在選定的祐漢社區發表各人創作,在11月中旬演出。
從晚上聚集街頭的移工開始
「OFF | SITE」是強調發掘在地特色的創作計劃,往往需要在選定地方上進行大量的資料搜集和準備。本次計劃的主要策劃及創作人之一郭瑞萍(Candy),由去年便開始進行各項準備工作,包括向本地歷史和城市發展相當有研究的城市規劃師林翊捷先生搜集地方背景資料,從兩部本地導演拍的紀錄片──《祐一城》和《祐漢一星期》中參看別人的觀察,又找了在該區長大的朋友帶她到處去,捐窿捐罅發掘有趣的地方。「我現在所選擇的創作及演出地點就是他帶我去的,話我一定會鐘意,果然,一去到就『嘩』一聲。」在搜集資料過程中,還意外得悉自己父親和祐漢的一段往事。
原來當年祐漢仍是菜地時,一位朋友想把一個白鴿場和養雞場轉讓給當時也有養白鴿的郭老爸,本想多考慮兩天才回覆,卻被另一買家先買了。「如果唔係,很可能我一家就在祐漢生活了。」
雖然曾與這個社區擦身而過,但命運卻安排她又重返這個社區。由於Candy租用的排舞室就在祐漢,所以晚上經常出入該區,她發現晚上在這一帶,常有很多男人在街頭徘徊,他們依著欄杆或坐在路邊的電單車上講電話,夏天時更沒穿上衣,本來這使她有點害怕,後經了解才知道他們是住在附近的移工,由於他們多是很多人同住一個單位,完全沒有私人空間,屋內地方淺窄悶熱,因此會走到街上乘涼和講電話,知道這個背景後,便想多了解這區的生活環境和社區變化,包括這些移工在這裡的生活感受,這些都成了Candy計劃中的內容。
「祐漢新邨是澳門第一座屋邨。當時來說所用的技術令人稱奇,不論半預製件、吊船、田螺式自動混凝土車等均從香港引入,在當時來說是新嘗試,而這一批建得好『型』的屋邨,現今已有五十年樓齡,政府話要重建,但一等等了十多年仍遙遙無期,居住環境越來越惡劣,有能力的都搬走了,留下來的都是年老的原居民/移工/新移民/草根工人等,居民由最初滿懷希望到今天心灰意冷,眼看這群為生活奮鬥的人,作為澳門市民的我,可以做到點甚麼嗎?還有,以前這裡有跑馬場,之後變成菜地,菜地再變為屋邨,對於這段歷史,我很想知道多一點。還有,我關注澳門城市的變遷與澳門人對此的感受。」
Candy 這次的作品名為 《無。求》。「是無奈但也要求存,以自己的肢體結合環境來呈現,嘗試把自己代入區內居民的生活景況,探討人對生活/生命的追求。肢體是我較為熟悉、最自在和最直接的方式和媒介。」
地點的選取是Site Specific演出中重要一環,除了思考如何實踐創作意念,往往還要面對把私空間改作演出空間而產生的問題,Candy上次和今次的作品都選了私人地方來進行,與公共空間相比困難多了。
「我要先與那裡的住戶逐一溝通,取得他們的同意。我向每家每戶發通告,向他們解釋將有個舞蹈演出在這裡進行,有居民話只演15分鐘,到喉唔到肺,問我可否演長一點;也有居民很不客氣的說:『你演出關我咩事,話比我聽做咩。』還不收通告,給我吃閉門羹;但亦有居民邀請我坐下一起吃飯。這種種的溝通與回應,真的要落區才經驗得到。」在創作中,與居民的親身接觸給了創作人更踏實的體會,使創作人與在地的環境和人產生更實在的聯繫。
捕捉熱鬧的影像、嘈吵的聲音
另一位創作人林嘉碧,自言對祐漢其實有點陌生,但也因此而帶著好奇來重新發現這個社區。
「從小到大我都住在雀仔園,小時候沒有太多機會在澳門其他地方走。記得第一次踏足祐漢是小學五年級,某年新年爸媽第一次帶我到祐漢的黃金商場購買新衣過節。商場內商品種類繁多,琳琅滿目, 對於當時年紀小的我感覺極度興奮,因此對黃金商場的印象特別深。長大後再到祐漢區,唯獨對商場記憶猶在。雖然商場看似沒有太大的改變,只是變舊了,但周邊環境與我所居住的雀仔園相比,感覺熱鬧和複雜很多,所以在創作過程中我主要是觀察祐漢區的生活形態,找找有趣的影像,聽聽街上人來人往時的喧鬧聲。」
林嘉碧今次作品名為《如果在祐漢街.一個累人》,在社區中下階層的生活中,滲入一些藝術的觀察和想像,透過形體表現生活中美的感覺,展示當中一些被遺忘的生活角落。在創作過程中,林嘉碧總是會被周邊環境熱鬧的影像、嘈吵的聲音所吸引,而在地進行的創作也常吸引不少買餸的師奶、放學的學生、閒聊的老人、店舖內的老闆等,他們總懷著巨大的熱心和好奇,觀看藝術家到底在搞什麼鬼,作品撩動了他們的日常生活,彼此就像磁鐵一樣互相吸引、思考和欣賞對著方,形成有趣的互動。
移工的生活與生存
創作人莫倩婷(Jenny)小時候也曾住過祐漢區,父母就像大部份新移民一樣,到有一定經濟能力後,便搬離了這一區,很少回去。Jenny是直到自己劇團的排練室租了在此,才又再回到這一區。
「我對這一區非常陌生,小時候的印象實在太少太零碎,現在我仍時常搞不清方向,經常迷路,但走著走著有些街角又似曾相識。這既親切又陌生的感覺對我來說是很有趣的。在揀選演出地點和準備過程中,我去找了一些比較熟識該區的朋友帶我到處走,嘗試做多些資料搜集,但我認為更主要的還是要打開自己的感官,找到自己有感覺的地方進行創作。」
在了解這個區的過程中,Jenny注意到這區住了很多勞工、移工等低下階層。她意識到「在他們的生活中,很多理所當然是不存在的。當我們的城市整體環境變得越來越富有時,貧富之間的差距也越來越大。」這些位處城市邊緣的人物的故事和生存狀態,是她這次作品中最為關注的,想探討外勞工人可能面對的各種生存問題。
永遠無法在現場排練的演出地點
創作人張楚誠(Oscar)則以理念的實踐來開始,以Kitt Johnson(丹麥編舞家,亦為該計劃的導師及聯合導演)在去年工作坊中所提點到的問題來加以思考,當時腦中一些構想經過一年的沉澱,以想像把對該區的觀察和感受以不同形式呈現。對於該區,他特別留意到生活環境與空間之間的互動問題,今次他選了一個開放性質,但與其他市民關係比較沒那麼密切的地方來做創作,這與之前他所選的有很大分別,不單外觀上,內在聯繫也有差別,處理這種差別也是他這次給自己的功課。
「祐漢社區其實並不真的很老,填海造地也只是七十年代開始的事,但人口的稠密卻使該區迅速老化,留下很多為生活打拼的痕跡,同時也包含了豐富的基層和移工、新移民等的故事,形成一種很特殊的生活動力和面貌,這個也是我這次想呈現的。但自己一向以來的創作不是採用直接的表達,會以較內化的、個人的形式來呈現。」
「創作過程中最困難的就是,自己永遠無法在現場排練,因為有點害怕,主要是怕干擾到該區市民,因為所選的地方也算是公共地方,是有人生活的地方,我無法在現場把所思考的如實地排演出來,因此,構想與實行之間總是有落差。當然這些落差也是有趣的地方,可能刺激我的思考,但這個困難也使我停滯不前。我沒有與當地居民有刻意的聯繫,而是以較為抽離的、隱喻的方式去說我想說的東西。」
「創作時想起這一句:『周圍都沒有人生活的氣息』--我做《聽風的卡夫卡》時的一句台詞,突然在做這個作品時又跑了出來,可說是對我選的地方的貼切形容,為何一個明明是生活空間的地方,但卻不太感覺到這裡像是人駐足成長的空間,這使我想去探討和呈現。」
翻轉社區固有印象,發現少為人知的獨特角落
鄺天樂(Cita)的父母是第一代的祐漢居民,就住在第一代的祐漢新邨之中,因此她特別訪問了父母,了解他們對這區的感受。不止這樣,她還特意重訪了當時父母居住的單位,冒昧地向現在住戶敲門入內,實地了解一下裡面的情況,也與其他住戶聊天,進行訪談紀錄等。
在創作過程中,Cita留意到第一批社屋如萬壽樓、吉祥樓等的建築特色,不是住在那裡的人很少留意到的,由這幾棟大廈組成的建築群很特別,有天井,有天橋,她的作品希望觀眾能置身其中,靜靜地感受一下這些建築物,當中也有它美麗獨特的角落。由於她所訪問到的一些朋友,都對這個社區的評價較負面,認為環境較骯髒、品流複雜等,所以,她亦希望能藉著這個作品,讓公眾重新走進這個社區中,重新感受這個地方,或者會發現居民在這裡的生活可能也有其舒適自在的一面。
Cita亦為這裡的居民不值,她覺得他們大多很友善。如到訪舊居,現居於那個單位的居民都表示歡迎,願意讓她拍照,另一些單位也是一樣,歡迎她入內了解,並不如外界所想像的那麼不安全和冷漠。
「希望我的作品可以令其他人對這個社區和居民,能有比較不同的看法。」這就是Cita對作品的寄望。
刊登於論盡媒體 Released on 2015.11.10
http://aamacau.com/2015/11/10/offsite-2015/
另一位創作人林嘉碧,自言對祐漢其實有點陌生,但也因此而帶著好奇來重新發現這個社區。
「從小到大我都住在雀仔園,小時候沒有太多機會在澳門其他地方走。記得第一次踏足祐漢是小學五年級,某年新年爸媽第一次帶我到祐漢的黃金商場購買新衣過節。商場內商品種類繁多,琳琅滿目, 對於當時年紀小的我感覺極度興奮,因此對黃金商場的印象特別深。長大後再到祐漢區,唯獨對商場記憶猶在。雖然商場看似沒有太大的改變,只是變舊了,但周邊環境與我所居住的雀仔園相比,感覺熱鬧和複雜很多,所以在創作過程中我主要是觀察祐漢區的生活形態,找找有趣的影像,聽聽街上人來人往時的喧鬧聲。」
林嘉碧今次作品名為《如果在祐漢街.一個累人》,在社區中下階層的生活中,滲入一些藝術的觀察和想像,透過形體表現生活中美的感覺,展示當中一些被遺忘的生活角落。在創作過程中,林嘉碧總是會被周邊環境熱鬧的影像、嘈吵的聲音所吸引,而在地進行的創作也常吸引不少買餸的師奶、放學的學生、閒聊的老人、店舖內的老闆等,他們總懷著巨大的熱心和好奇,觀看藝術家到底在搞什麼鬼,作品撩動了他們的日常生活,彼此就像磁鐵一樣互相吸引、思考和欣賞對著方,形成有趣的互動。
移工的生活與生存
創作人莫倩婷(Jenny)小時候也曾住過祐漢區,父母就像大部份新移民一樣,到有一定經濟能力後,便搬離了這一區,很少回去。Jenny是直到自己劇團的排練室租了在此,才又再回到這一區。
「我對這一區非常陌生,小時候的印象實在太少太零碎,現在我仍時常搞不清方向,經常迷路,但走著走著有些街角又似曾相識。這既親切又陌生的感覺對我來說是很有趣的。在揀選演出地點和準備過程中,我去找了一些比較熟識該區的朋友帶我到處走,嘗試做多些資料搜集,但我認為更主要的還是要打開自己的感官,找到自己有感覺的地方進行創作。」
在了解這個區的過程中,Jenny注意到這區住了很多勞工、移工等低下階層。她意識到「在他們的生活中,很多理所當然是不存在的。當我們的城市整體環境變得越來越富有時,貧富之間的差距也越來越大。」這些位處城市邊緣的人物的故事和生存狀態,是她這次作品中最為關注的,想探討外勞工人可能面對的各種生存問題。
永遠無法在現場排練的演出地點
創作人張楚誠(Oscar)則以理念的實踐來開始,以Kitt Johnson(丹麥編舞家,亦為該計劃的導師及聯合導演)在去年工作坊中所提點到的問題來加以思考,當時腦中一些構想經過一年的沉澱,以想像把對該區的觀察和感受以不同形式呈現。對於該區,他特別留意到生活環境與空間之間的互動問題,今次他選了一個開放性質,但與其他市民關係比較沒那麼密切的地方來做創作,這與之前他所選的有很大分別,不單外觀上,內在聯繫也有差別,處理這種差別也是他這次給自己的功課。
「祐漢社區其實並不真的很老,填海造地也只是七十年代開始的事,但人口的稠密卻使該區迅速老化,留下很多為生活打拼的痕跡,同時也包含了豐富的基層和移工、新移民等的故事,形成一種很特殊的生活動力和面貌,這個也是我這次想呈現的。但自己一向以來的創作不是採用直接的表達,會以較內化的、個人的形式來呈現。」
「創作過程中最困難的就是,自己永遠無法在現場排練,因為有點害怕,主要是怕干擾到該區市民,因為所選的地方也算是公共地方,是有人生活的地方,我無法在現場把所思考的如實地排演出來,因此,構想與實行之間總是有落差。當然這些落差也是有趣的地方,可能刺激我的思考,但這個困難也使我停滯不前。我沒有與當地居民有刻意的聯繫,而是以較為抽離的、隱喻的方式去說我想說的東西。」
「創作時想起這一句:『周圍都沒有人生活的氣息』--我做《聽風的卡夫卡》時的一句台詞,突然在做這個作品時又跑了出來,可說是對我選的地方的貼切形容,為何一個明明是生活空間的地方,但卻不太感覺到這裡像是人駐足成長的空間,這使我想去探討和呈現。」
翻轉社區固有印象,發現少為人知的獨特角落
鄺天樂(Cita)的父母是第一代的祐漢居民,就住在第一代的祐漢新邨之中,因此她特別訪問了父母,了解他們對這區的感受。不止這樣,她還特意重訪了當時父母居住的單位,冒昧地向現在住戶敲門入內,實地了解一下裡面的情況,也與其他住戶聊天,進行訪談紀錄等。
在創作過程中,Cita留意到第一批社屋如萬壽樓、吉祥樓等的建築特色,不是住在那裡的人很少留意到的,由這幾棟大廈組成的建築群很特別,有天井,有天橋,她的作品希望觀眾能置身其中,靜靜地感受一下這些建築物,當中也有它美麗獨特的角落。由於她所訪問到的一些朋友,都對這個社區的評價較負面,認為環境較骯髒、品流複雜等,所以,她亦希望能藉著這個作品,讓公眾重新走進這個社區中,重新感受這個地方,或者會發現居民在這裡的生活可能也有其舒適自在的一面。
Cita亦為這裡的居民不值,她覺得他們大多很友善。如到訪舊居,現居於那個單位的居民都表示歡迎,願意讓她拍照,另一些單位也是一樣,歡迎她入內了解,並不如外界所想像的那麼不安全和冷漠。
「希望我的作品可以令其他人對這個社區和居民,能有比較不同的看法。」這就是Cita對作品的寄望。
刊登於論盡媒體 Released on 2015.11.10
http://aamacau.com/2015/11/10/offsite-2015/
A dança urbana de Kitt Johnson no bairro de Iao Hon
As ruas e os recantos do bairro do Iao Hon, na zona norte da cidade, vão ser palco em Novembro de bailados urbanos criados e interpretados por seis artistas locais e a coreógrafa dinamarquesa Kitt Johnson. Para quem quiser aprender a treinar com a bailarina vai haver sessões destinadas ao público.
Cláudia Aranda
Inseridos num evento denominado “Off/Site 2015”, organizado pela associação cultural e artística ”Soda-City Experimental Workshop”, de Macau, e a companhia X-act – da coreógrafa dinamarquesa Kitt Johnson – os espectáculos materializam-se nos fins-de-semana de 14 e 15 e 21 e 22 de Novembro. O público é convidado a comprar bilhete (a partir de 120 patacas, na Livraria Pin-To, no Leal Senado, ou no Armazém do Boi) para integrar um grupo de até 20 pessoas que vai ser guiado pelas ruas de Iao Hon. O ponto de encontro é às 16h. O local permanece ainda no segredo dos deuses, dizem os organizadores, e só será indicado no bilhete.
Kitt Johnson, que actua logo no primeiro fim-de-semana de espectáculos, tem trabalhado extensivamente em projectos “site-specific”. Os seus espectáculos são essencialmente “passeios urbanos muitíssimo incomuns, durante os quais o público experimenta uma parte da cidade a partir de novos ângulos”. O objectivo é guiar o público por “lugares escondidos e esquecidos”, através de espectáculos performativos para fazer as pessoas “redescobrirem o extraordinário no ordinário”, explica a artista na sua página electrónica.
Para quem quiser experimentar treinar com Kitt Johnson vão realizar-se aulas para o público dias 8 e 10 de Novembro (110 patacas por sessão), destinadas a “aprender como introduzir no nosso dia-a-dia o tipo de treino que a Kitt faz”, disse ao PONTO FINAL Candy Kouk, directora artística da “Soda-City”. As aulas estão orientadas para diferentes níveis de preparação física, mas “as pessoas têm de estar prontas para trabalhar o corpo”, avisa a bailarina e coreógrafa de Macau.
Candy Kuok, que co-dirige com a dinamarquesa esta série de bailados, explica que “cada um vai apresentar a sua própria coreografia num espectáculo a solo”. As peças foram criadas por forma a “interligarem-se com a nova coreografia a solo de Kitt Johnson pensada para o Iao Hon”, acrescenta Candy Kuok.
Oscar Cheong, outro dos participantes no evento, explica que as iniciativas previstas para o próximo mês vão ser uma espécie de continuação de uma viagem iniciada há três anos. Em 2012, o Centro Cultural de Macau convidou a bailarina e coreógrafa dinamarquesa para um programa de intercâmbio que previa uma aprendizagem por parte de artistas locais das bases de critividade e de expressão para projectos “site-specific”. Este é um conceito que define a arte realizada em função de um determinado lugar, tendo em conta as características físicas e as dinâmicas sociais desse espaço.
À fase da selecção seguiu-se uma residência artística de duas semanas em Copenhaga, em 2012. Candy Kuok foi uma das participantes, que no regresso começou a pôr em prática o seu próprio projecto “site-specific”.
Em Outubro de 2014, Kitt Johnson foi convidada a regressar ao território para uma viagem de exploração em conjunto com entusiastas locais da arte criativa para aplicar a arte “site-specific” no bairro de Ian Hon. Sob orientação de Kitt, Anna Cheong, Cita Kuong e Oscar Cheong criaram as suas próprias coreografias “site-specific” para o evento “Off/Site 2015”. Agora, em Novembro, Kitt retorna a Macau, para acompanhar os três participantes no workshop do ano passado, aos quais se juntam três artistas locais convidados: Candy Kuok, Lam Ka Pik e Jenny Mok.
As ruas e os recantos do bairro do Iao Hon, na zona norte da cidade, vão ser palco em Novembro de bailados urbanos criados e interpretados por seis artistas locais e a coreógrafa dinamarquesa Kitt Johnson. Para quem quiser aprender a treinar com a bailarina vai haver sessões destinadas ao público.
Cláudia Aranda
Inseridos num evento denominado “Off/Site 2015”, organizado pela associação cultural e artística ”Soda-City Experimental Workshop”, de Macau, e a companhia X-act – da coreógrafa dinamarquesa Kitt Johnson – os espectáculos materializam-se nos fins-de-semana de 14 e 15 e 21 e 22 de Novembro. O público é convidado a comprar bilhete (a partir de 120 patacas, na Livraria Pin-To, no Leal Senado, ou no Armazém do Boi) para integrar um grupo de até 20 pessoas que vai ser guiado pelas ruas de Iao Hon. O ponto de encontro é às 16h. O local permanece ainda no segredo dos deuses, dizem os organizadores, e só será indicado no bilhete.
Kitt Johnson, que actua logo no primeiro fim-de-semana de espectáculos, tem trabalhado extensivamente em projectos “site-specific”. Os seus espectáculos são essencialmente “passeios urbanos muitíssimo incomuns, durante os quais o público experimenta uma parte da cidade a partir de novos ângulos”. O objectivo é guiar o público por “lugares escondidos e esquecidos”, através de espectáculos performativos para fazer as pessoas “redescobrirem o extraordinário no ordinário”, explica a artista na sua página electrónica.
Para quem quiser experimentar treinar com Kitt Johnson vão realizar-se aulas para o público dias 8 e 10 de Novembro (110 patacas por sessão), destinadas a “aprender como introduzir no nosso dia-a-dia o tipo de treino que a Kitt faz”, disse ao PONTO FINAL Candy Kouk, directora artística da “Soda-City”. As aulas estão orientadas para diferentes níveis de preparação física, mas “as pessoas têm de estar prontas para trabalhar o corpo”, avisa a bailarina e coreógrafa de Macau.
Candy Kuok, que co-dirige com a dinamarquesa esta série de bailados, explica que “cada um vai apresentar a sua própria coreografia num espectáculo a solo”. As peças foram criadas por forma a “interligarem-se com a nova coreografia a solo de Kitt Johnson pensada para o Iao Hon”, acrescenta Candy Kuok.
Oscar Cheong, outro dos participantes no evento, explica que as iniciativas previstas para o próximo mês vão ser uma espécie de continuação de uma viagem iniciada há três anos. Em 2012, o Centro Cultural de Macau convidou a bailarina e coreógrafa dinamarquesa para um programa de intercâmbio que previa uma aprendizagem por parte de artistas locais das bases de critividade e de expressão para projectos “site-specific”. Este é um conceito que define a arte realizada em função de um determinado lugar, tendo em conta as características físicas e as dinâmicas sociais desse espaço.
À fase da selecção seguiu-se uma residência artística de duas semanas em Copenhaga, em 2012. Candy Kuok foi uma das participantes, que no regresso começou a pôr em prática o seu próprio projecto “site-specific”.
Em Outubro de 2014, Kitt Johnson foi convidada a regressar ao território para uma viagem de exploração em conjunto com entusiastas locais da arte criativa para aplicar a arte “site-specific” no bairro de Ian Hon. Sob orientação de Kitt, Anna Cheong, Cita Kuong e Oscar Cheong criaram as suas próprias coreografias “site-specific” para o evento “Off/Site 2015”. Agora, em Novembro, Kitt retorna a Macau, para acompanhar os três participantes no workshop do ano passado, aos quais se juntam três artistas locais convidados: Candy Kuok, Lam Ka Pik e Jenny Mok.
刊登於句號報 Released on 2015.10.27
https://pontofinalmacau.wordpress.com/2015/10/27/a-danca-urbana-de-kitt-johnson-no-bairro-de-iao-hon/
https://pontofinalmacau.wordpress.com/2015/10/27/a-danca-urbana-de-kitt-johnson-no-bairro-de-iao-hon/
丹麥名編舞家來澳交流
姬特與本地藝術工作者到祐漢區考察
應本地藝團梳打埠實驗工場藝術協會之邀請,著名丹麥編舞家姬特 · 約翰遜(Kitt Johnson)本月初將來澳,參與“Off Site在場二○一五”環境劇場創作及交流計劃,聯同六位本地藝術創作人郭瑞萍、莫倩婷、張楚誠、林嘉碧、鄺天樂、張娜燕一同以祐漢社區的人文環境、歷史文化、社區故事為主題,並結合表演者對該地點的直觀感覺,創作與該環境緊密連繫的演出。七個單人作品將分佈在祐漢區內七個不同地點上演,觀衆會隨着表演者走到街上,沿着精心設計的演出路線,逐一走進各表演者挑選的地點觀賞演出。
姬特 · 約翰遜分別於二○○三及二○一五年兩度獲頒授丹麥最高榮譽的雷姆特獎之年度舞蹈家大獎和最佳舞蹈製作大獎,成為丹麥最受推崇的編舞家之一。是次她再次來澳,除了會發表其在祐漢區在地創作的個人作品外,亦會以聯合導演的身份,指導去年工作坊中被甄選的三名參加者創作及演出,並連同其他獲邀的本地藝術創作人作品作整合,將各個獨立作品串連成一次有趣的觀演旅程。
是次交流計劃獲文化局及澳門基金會資助,四場演出將於本月十四、十五、二十一及二十二日下午四時至六時,分A、B兩條不同路線在祐漢街區上演,門票現已於牛房倉庫、邊度有書書店發售。此外,姬特亦將於本月八日早上十時三十分至十二時以及十日晚上七時三十分至九時主持兩節“身體條件訓練課”,介紹糅合西方舞蹈訓練及日本舞蹈的動作訓練,詳情可瀏覽http://offsitemacao2015.weebly.com或致電六三○三五八八○張先生查詢。